sábado, 20 de junho de 2009

Não há uma adolescência, e sim várias

Calil no faz refletir acerca dos questionamentos que fazemos ao longo da vida em busca de respostas, a grande pergunta que nos convoca a repensar é: Quem sou eu? Esta indagação é ainda mais contundente quando somos adolescentes> Durante o percurso vivenciado nesse momento, e também ao longo da vida, a sociedade e os fatos nos conduzem a respostas, porém em seguida nos vemos diante de mais questionamentos.

Conforme nos diz Calil citando Becker “não há uma adolescência e sim, varias”. Acredito ainda que esse adolescer se dá em várias fases da vida, senão o que dizer sobre a crise dos 40.Assim como existem várias sociedades, existem também várias formas de vivenciarmos esse período de crescimento.

A gradual passagem da infância para a vida adulta de forma menos pontual, isto é, quando é concomitante com as funções e os direitos o período da adolescente não é percebido é um direito recebido. A transição é gradual, as conquistas se somam, a potencia humana se funde a vivência. Diferente do que ocorre em nossa sociedade, pois, é elaborada de forma concentual, incidem nas transformações biológicas gritam no corpo físico estruturado e o potencial psicossocial ainda não atingiu o patamar correspondente. Segundo Calil:

”As transformações pessoais ocorrem para o mundo exterior, em busca de uma abertura, de uma conquista, de uma descoberta, ora para seu mundo interior, fechando-se num olhar para dentro de si, relacionando-se consigo mesmo, com sua própria metamorfose” (CALIL, p.1974, 2)


Entendo que possivelmente esta busca por abertura e necessidade de conquista esta ligada a falta de autoria durante a infância, pois o mundo vivido neste período foi pouco enriquecedor do ponto de vista das descobertas e participações, portanto a necessidade premente de vivenciar estas conquistas.

Pela necessidade de vivenciar as descobertas concomitantemente com a questão do egocentrismo ou a chamada fábula pessoal - pode contribuir para que o jovem busque os perigos e os desafios assim como as dependências e os vícios. Fantasiar a onipotência leva os jovens a buscarem os esportes radicas e expor-se a riscos desnecessários simplesmente pelo fato de negar a possibilidade de morte. Calil refere-se à questão dizendo.


“Vários acidentes cometidos por adolescentes com bicicletas, motocicletas, patinetes ou decorrentes de esportes radicais e outros também se explica pela fantasia originada desse sentimento de onipotência, de que os problemas só ocorrem com os outros e não com ele, e que todas as suas proezas serão motivo de atenção das pessoas que o cercam” (CALIL,p. 178, 2002)

A hospitalização nessa fase é bastante comum, pois apresentam traumas e lesões provocadas por tais esportes. Considerando também nesse período doenças sexualmente transmissíveis, abortos e gravidez indesejada.

É aconselhável o atendimento psicológico para o adolescente e para seus pais, esse espaço é necessário para a família colocar seus medos, perdas e também a questões referentes a morte. Nesse processo o chamado “dar-se conta” do que esta acontecendo aumenta a percepção de si mesmo, aprendendo a lidar com situações de crise e principalmente fortalecendo.



Citações do livro
CALIL, Terezinha, Novos rumos da Psicologia da Saúde - São Paulo: Pioneira, 2002

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